18.10.05
Notas simples (4)
A fábula da raposa e das uvas contada e recontada
--> Esopo
Uma raposa faminta, ao ver cachos de uva suspensos numa parreira, quis pegá-los mas não conseguiu. Então, afastou-se dela, dizendo: "Estão verdes”.
---> Fedro
Forçada pela fome, uma raposa tentava
apanhar um cacho de uva numa alta videira,
saltando com todas as forças;
Como não conseguisse alcançá-lo, disse, afastando-se:
"Ainda não estão maduras; não quero apanhá-las verdes".
Aqueles que desdenham com palavras o que não conseguem realizar
deverão aplicar para si este exemplo.
Tradução de José D. Dezotti FCL - Unesp in "A Tradição da Fábula" de Maria Celeste C. Dezotti - Unesp - Araraquara - 1991.
---> La Fontaine
Certa raposa astuta, normanda ou gascã,
quase morta de fome, sem eira nem beira,
andando à caça, de manhã,
passou por uma alta parreira
carregada de cachos de uvas bem maduras.
Altas demais - não houve impasse:
"Estão verdes. . . já vi que são azedas, duras. . ."
Adiantaria se chorasse?
---> Monteiro Lobato
Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisas de fazer vir água na boca. Mas tão altos, que nem pulando.
O matreiro bicho torceu o focinho:
- Estão verdes - murmurou. - Uvas verdes, só para cachorros.
E foi-se.
Nisto, deu o vento e uma folha caiu.
A raposa, ouvindo o barulhinho, voltou depressa, e pôs-se a farejar.
Quem desdenha quer comprar.
Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1991.
---> Millôr Fernandes
De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu além de tudo, à altura de um salto, cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: "Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes". E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e havia o risco de despencar, esticou a pata e conseguiu! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes!
MORAL: A frustação é uma forma de julgamento tão boa quanto qualquer outra.
Da Revista Veja, nº 187, de 5/4/1972
---> Luís Ene
A raposa olhou-se na fotografia e não gostou mesmo nada de se ver. Está desfocada, disse.
--> Esopo
Uma raposa faminta, ao ver cachos de uva suspensos numa parreira, quis pegá-los mas não conseguiu. Então, afastou-se dela, dizendo: "Estão verdes”.
---> Fedro
Forçada pela fome, uma raposa tentava
apanhar um cacho de uva numa alta videira,
saltando com todas as forças;
Como não conseguisse alcançá-lo, disse, afastando-se:
"Ainda não estão maduras; não quero apanhá-las verdes".
Aqueles que desdenham com palavras o que não conseguem realizar
deverão aplicar para si este exemplo.
Tradução de José D. Dezotti FCL - Unesp in "A Tradição da Fábula" de Maria Celeste C. Dezotti - Unesp - Araraquara - 1991.
---> La Fontaine
Certa raposa astuta, normanda ou gascã,
quase morta de fome, sem eira nem beira,
andando à caça, de manhã,
passou por uma alta parreira
carregada de cachos de uvas bem maduras.
Altas demais - não houve impasse:
"Estão verdes. . . já vi que são azedas, duras. . ."
Adiantaria se chorasse?
---> Monteiro Lobato
Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisas de fazer vir água na boca. Mas tão altos, que nem pulando.
O matreiro bicho torceu o focinho:
- Estão verdes - murmurou. - Uvas verdes, só para cachorros.
E foi-se.
Nisto, deu o vento e uma folha caiu.
A raposa, ouvindo o barulhinho, voltou depressa, e pôs-se a farejar.
Quem desdenha quer comprar.
Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1991.
---> Millôr Fernandes
De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu além de tudo, à altura de um salto, cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: "Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes". E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e havia o risco de despencar, esticou a pata e conseguiu! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes!
MORAL: A frustação é uma forma de julgamento tão boa quanto qualquer outra.
Da Revista Veja, nº 187, de 5/4/1972
---> Luís Ene
A raposa olhou-se na fotografia e não gostou mesmo nada de se ver. Está desfocada, disse.
12:27 da tarde