31.10.05
Notas soltas (14)
Dois blogs siameses
de poesia e de prosa, de arte e de vida
completam hoje dois anos e são sem dúvida um exemplo claro da importância da ferramenta blog como um novo veículo para a literatura.
como sentida homenagem transcrevo o último post de cada blog, num desejo de partilha que é também, estou certo disso, o de Márcia Maia.
O transplante
Por velho e cansado, desejei transplantar-me o coração. Em seu lugar, poria um cacto. Um tenro cacto, de folhas espessas e raros espinhos. Assim o fiz, não sem uma pitada de receio. Agora, quase um ano depois, nos damos bem, eu e o meu coração-cacto. Do antigo, herdou o vício de amar, bem mais contido. E por ser cacto, se acaso chora, não sangra, embora tenham seus espinhos crescido e me firam, vez por outra, quando abriga-se a saudade em meu peito.
id-ílico
as máscaras que me encobrem a face
por tantas serem eu delas nem sei
tampouco sei se me é vera a face
que sob elas me diz: não me sei.
se vem um ricto marcar minha face
depois um riso virá eu bem sei
se os olhos já me umedecem a face
a boca-máscara ri. tanto sei
quanto é inútil buscar sobre a face
resposta àquilo que eu nem mesmo sei.
(importa o que jaz aquém desta face
se em cada máscara oculto-me - eu sei! -
inteira mais além?) máscara e face
versões são de abismo? minto: não sei.
--->
PS. Correndo o risco de envergonhar a autora e parecer exagerado para quem me lê, quero dizer que só me ocorre uma palavra para classificar cada um dos seus blogs: excelente. Os dois juntos então, nem sei que dizer.
de poesia e de prosa, de arte e de vida
completam hoje dois anos e são sem dúvida um exemplo claro da importância da ferramenta blog como um novo veículo para a literatura.
como sentida homenagem transcrevo o último post de cada blog, num desejo de partilha que é também, estou certo disso, o de Márcia Maia.
O transplante
Por velho e cansado, desejei transplantar-me o coração. Em seu lugar, poria um cacto. Um tenro cacto, de folhas espessas e raros espinhos. Assim o fiz, não sem uma pitada de receio. Agora, quase um ano depois, nos damos bem, eu e o meu coração-cacto. Do antigo, herdou o vício de amar, bem mais contido. E por ser cacto, se acaso chora, não sangra, embora tenham seus espinhos crescido e me firam, vez por outra, quando abriga-se a saudade em meu peito.
id-ílico
as máscaras que me encobrem a face
por tantas serem eu delas nem sei
tampouco sei se me é vera a face
que sob elas me diz: não me sei.
se vem um ricto marcar minha face
depois um riso virá eu bem sei
se os olhos já me umedecem a face
a boca-máscara ri. tanto sei
quanto é inútil buscar sobre a face
resposta àquilo que eu nem mesmo sei.
(importa o que jaz aquém desta face
se em cada máscara oculto-me - eu sei! -
inteira mais além?) máscara e face
versões são de abismo? minto: não sei.
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PS. Correndo o risco de envergonhar a autora e parecer exagerado para quem me lê, quero dizer que só me ocorre uma palavra para classificar cada um dos seus blogs: excelente. Os dois juntos então, nem sei que dizer.
6:21 da manhã