blog d'apontamentos

14.11.05

Ver as diferenças



Leio no jornal sobre o namoro de duas alunas da secundária de António Sérgio, em Gaia, e suas consequências. “Queremos que nos tratem como pessoais normais”, diziam elas, em conclusão, e eu só posso concordar, ainda que dispensasse o qualificativo normais.

Ontem, ao almoçar com uns amigos, um deles pediu uma piza sem queijo. Não tenho nada contra as pizas sem queijo, desde que não as tenha de comer, e muito menos contra as pessoas que não gostam de queijo, por muito que tal me intrigue, uma vez que adoro queijo.

Isso mesmo lhe disse na ocasião, e vislumbrei algum espanto no meu interlocutor, pelo que lhe perguntei se não lhe fazia impressão que existam pessoas que adorem queijo. Respondeu-me que não, que não lhe fazia qualquer impressão.

Confesso que fiquei a pensar que talvez me tivesse expressado mal. Reconhecimento da diferença e estranheza são para mim uma e a mesma coisa — sendo eu heterossexual, a homossexualidade é para mim sentida como diferença, logo estranheza — e não impede, antes pelo contrário, o respeito pela diferença. Para respeitar as diferenças temos primeiro de as reconhecer.

O reconhecimento da diferença e da estranheza que nos provoca é o primeiro passo para o respeito pelos outros que são diferentes, tão diferentes quanto nós somos diferentes deles.
11:39 da manhã

2 Comentários:

Muito bem dito! A história destas raparigas revela extrema coragem e deve ser olhada com admiração. pode ser que finalmente se estejam a mudar mentalidades!
contente por te "acolher" aqui. :)

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