blog d'apontamentos

30.12.05

O Amor

Se bem me lembro, nos meus tempos dom-joanescos eu cheguei a abandonar mulheres por causa de uma nódoa na meia, de uma palavra estúpida, dos dentes mal lavados; mas agora perdoo tudo: a mastigação, a azáfama com o saca-rolhas, o desleixo, as conversas longas que não valem um pataco. É quase inconscientemente que perdoo, sem forçar a vontade, como se as faltas de Sacha fossem as minhas próprias faltas, e muitas coisas que dantes me faziam contorcer produzem agora em mim enternecimento, e até admiração. Os motivos desta tolerância residem no meu amor por Sacha, mas onde residem os motivos deste amor, isso, palavra de honra, não sei dizer.

Excerto final do conto O Amor, de Anton Tchékhov - Relógio D' Água

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Tchékhov com Gorky em 1900

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em inglês: o conto e mais contos
7:53 da manhã

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